Veja como se prevenir de potenciais problemas em praças, ruas e até mesmo em casa

A proximidade entre humanos e pombos pode acarretar doenças ao homem, em especial se houver contato com as fezes secas da pomba doméstica (columba livia). Inalá-las com a poeira urbana pode trazer de uma simples alergia de pele à sérios problemas de respiração e, até mesmo, afetar o sistema nervoso central. Tudo isso de forma praticamente invisível.
 
O contato com as fezes secas contaminadas por fungos pode provocar micoses e problemas respiratórios semelhantes à meningite, como histoplasmose e criptococose ou a clamidiose (bactéria), que causa sintomas variados, de febre à problemas na respiração. 
 
De acordo com a veterinária Vanessa Yuri de Lima, professora da PUC de Toledo (PR), que estuda doenças causadas por pombos, este contato com as fezes das aves pode ser mais comum do que parece, por isso deve ser cuidadosamente evitado.
 
 – O problema são as fezes dos pombos. Quando você vai a uma praça pública há muitos locais onde as fezes estão acumuladas. Com esse tempo seco que levanta a poeira, ela pode ser facilmente inalada. E essa poeira tem muitos micro-organismos.
 
Vanessa explica que não é necessário evitar praças públicas ou locais com pombos, mas tomar cuidado por onde passa e por onde senta. 
– Uma pessoa que somente passa [em um local com muitos pombos] tem menor probabilidade de se infectar do que uma pessoa que resolve namorar na praça. Um gari que levanta aquele pó fica muito mais exposto. Mas uma pessoa com a imunidade comprometida, como um portador de HIV, tem uma probabilidade maior de desencadear as doenças se inalar as fezes.

Residências podem ser foco
Vale ficar atento também a aparição das aves nas áreas residenciais. O contágio em casas, apartamentos e até mesmo escolas pode acontecer se houver pombos voando e, principalmente, comendo por ali. Afinal quem nunca viu uma pombinha encostada no parapeito de um apartamento? Comendo restos de comida, ração animal ou até mesmo restos de lixo caídos no chão ou de um cesto semiaberto? Ao comer e, depois, defecar, deixam as fezes próximas do nosso convívio e ainda mais próximas de um eventual contágio.
– O pombo tem ácaros (ectoparasitas), espécies de piolhinhos, que podem desencadear reações alérgicas, como aquelas feridinhas que coçam muito. Esses ectoparasitas podem invadir a casa e se multiplicar entre os familiares. O ideal é dificultar o acesso deles aos locais com comida.
O cuidado contra o contágio deve ser ainda mais específico quando o assunto é comida. Alimentos contaminados por fezes de pombos, que contém a bactéria Salmonela, trazem grandes prejuízos à saúde ao comprometer o aparelho digestivo com uma intoxicação alimentar. Além disso, ácaros de pombos provenientes de aves e ninhos podem causar dermatites em contato com a pele do homem.
Por isso, a regra básica é a seguinte: mantenha pombos longe de qualquer ambiente onde são guardados ou preparados alimentos. Refeitórios em áreas abertas não devem ter espaço para qualquer pássaro, segundo a veterinária. Abaixo ela dá dicas para afastar as aves do convívio humano.
 
Cuidados para manter os pombos longe
– Impedir locais de acesso onde eles possam pousar (amarrar um fiozinho de nylon próximos dos locais de pouso)
– Fechar bem a tampa do lixo e retirar restos que, por acaso, tenham caído no chão
– Somente levar o lixo para fora de casa minutos antes de o lixeiro passar
– Não jogar comida no chão; se cair, retirar
– Lavar com água em vez de apenas varrer os locais onde pombos defecam
– Dar comida aos animais de estimação em um horário específico

Esses cuidados não devem ser interpretados como uma política “anti-pombo”, diz a veterinária. Para ela, esse desequilíbrio entre homens e as aves acontece em virtude da ação humana.
 
– O grande problema dos pombos nas cidades somos nós. Onde tiver oferta de comida, terá pombos por perto. E quanto mais comida tiver, mais eles ficam, procriam. Se não tivesse essa oferta, eles iriam procurar outro lugar.  O pombo é considerado uma praga urbana, mas se a gente não tivesse desequilibrado o habitat não seria assim. A culpa é nossa. Quem desequilibra todo o sistema é o homem.

Segundo a veterinária, os pombos vivem de 3 a 5 anos, no máximo, nos grandes centros, enquanto na natureza vivem 15 anos em média. “Isso acontece porque aqui eles convivem com a poluição e com uma dieta errada”, diz.  

Veja alguns dados sobre a solicitação do público para controle de pombos: 
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Fonte: Camila Neumam, do R7

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